O Lobo que tinha medo da sua sombra (Halloween, medo)
Tal como prometi, aqui vai o conto da minha nova aquisição “O Lobo que tinha medo da sua sombra” da autora francesa, Orianne Lallemand.
Hoje, dia 31 de outubro, é dia de sustos, por isso… aqui vai:

Quando o Lobo era pequenino, tinha medo de tudo. Até o mais pequeno ruído o assustava. Por isso, sempre que os outros lobos uivavam, ele escondia-se com medo. Para um lobo, ser assim era muito complicado…
O Lobo também tinha medo do escuro. Assim que o dia acabava ele corria logo para a cama e fechava os olhos.
Ir sozinho para a floresta? Nem pensar! Ele imaginava logo monstros pegajosos, cobras venenosas, etc. etc. etc.
E também tinha medo de ir caçar com os irmãos. Só de pensar em animais peludos dava-lhe logo vontade de fugir a sete pés. Além disso, nem sequer gostava de carne crua…
Um dia, a mãe decidiu encoraja-lo:
- Meu querido Lobo, não podes continuar assim… Tens de sair daqui, conhecer o mundo e enfrentar os teus medos. Aqui não vais ser feliz.
- Eu confio em ti! Sei que vais conseguir – animou-o o pai.
E assim, certa manhã, o Lobo pôs-se a caminho, só e cheio de medo!
Um pouco mais à frente começou a ouvir vozes e viu duas sombras enormes a aproximarem-se. Em pânico, o Lobo atirou-se para trás de um arbusto, só que… Ai! Ai! Ai! Caiu mesmo em cima de umas urtigas.
- Oh não! São ladrões e vão cortar-me o pescoço – gemeu o Lobo.
Mas, assim que se aproximaram, afinal eram apenas um urso e uma raposa muita simpáticos:
- Oh amigo! Não tens muito jeito para escolheres esconderijos… As urtigas picam muito. Anda dai connosco! – disse o urso.
Ainda meio envergonhado, o Lobo saiu de trás dos arbustos e foi com os seus novos amigos. Comeu e bebeu com eles e depois seguiu o seu caminho.
Já sentia-se mais corajoso e feliz mas, a felicidade durou pouco tempo pois acabava de anoitecer.
- Oh não! Oh não! Uma noite sozinho na floresta! De certeza que não vou sobreviver –pensou o Lobo com os seus botões.
De repente…
- NÃAAAAAAAAO! Um lobo! Está aqui um lobo! Estou perdido! – gritou uma voz, desesperada.
A tremer de susto, o Lobo olhou para trás e viu… … … um pequeno coelho com a pata presa numa armadilha.
O Lobo aproximou-se do coelho e disse-lhe:
- Eu não sou um lobo mau! Vou ajudar-te a sair daí.
Mal o Lobo tinha soltado a patinha do coelho, uma forte luz ofuscou- - os. Era um feio caçador, com uma grande espingarda, prontinho para disparar. Mas, o caçador deixou cair a lanterna e, enquanto se baixou para a apanhar, foi o momento exato para o Lobo pegar no coelhinho debaixo do braço e desatar a fugir com toda a força que tinha.
Depois de correr muitos quilómetros e sentir que estariam a salvo, o Lobo encontrou uma gruta. Estava exausto e, por isso, aí se escondeu com o amigo.
O coelhinho estava muito assustado e o Lobo decidiu acalmá-lo e passou a noite a contar-lhe histórias de aventuras, as suas preferidas.
Quando o coelhinho adormeceu, encostado a ele, o Lobo percebeu que nem iria dar pela noite passar.
No dia seguinte, ajudou o coelhinho a encontrar a sua casa e a Sra. Coelha, de tão grata, deu-lhe cenouras, amoras e nozes.
Retomou, tranquilamente o seu caminho, até que ouviu um barulho muito estranho: CRAC! CRAC!
- Que faço agora? Parece que vem aí um troll e deve estar muito irritado – pensou o Lobo, em pânico.
- AHHHHH! – gritou o Lobo aterrorizado ao ver o monstro que estavaatrás dos arbustos.
- AHHHHH! – respondeu a criatura, aterrorizada.
Afinal não era um troll mas sim um lobo gigante.
- Que susto me pregaste! Eu chamo-me Grande Lou, e tu?
- Eu sou o Lobo – respondeu baixinho.
- Sim, eu percebo que és um lobo mas como te chamas? – perguntou-lhe o Grande Lou.
- O meu nome é simplesmente Lobo… - respondeu o Lobo.
- É um prazer conhecer-te Simplesmente Lobo. Anda, vou apresentar-te aos meus amigos.
Ali perto, um grupo de lobos fazia um piquenique.
- Amigos temos uma visita!
O Grande Lou apresentou todos os seus amigos ao Lobo. Eram muito divertidos.
Enquanto todos se riam e falavam alegremente, o Lobo olhou à sua volta, um por um e percebeu que, a sua caminhada, tinha chegado ao fim.
Aos poucos, o Lobo contou-lhes a sua história, desde os seus medos, às suas aventuras até ali chegar.
Depressa os outros lobos acolheram-no na sua alcateia. E foi desta forma que o Lobo chegou à Floresta Distante e, desde esse dia passou a não ter medo de nada. (Bem… de quase nada).
Abracinhos